Fiz algumas experimentações com massa epóxi e outros materiais, buscando estéticas distintas em cada uma delas. O resultado foi bem satisfatório, com um aprendizado valioso.
Estas esculturas foram planejadas e modeladas em módulos. A etapa da colagem finalizou a composição, dando volume na estética desejada.
O conceito da escultura da aranha partiu da ideia de que a forma das teias seriam produto de uma intervenção narcísica. Isso, como se a aranha, em algum momento, tivesse adquirido consciência de suas próprias formas e, então, projetasse nos objetos a sua rede, espalhando-a à semelhança de seu próprio corpo. Isso explicaria a forma conhecida do emaranhado das teias, que parte de um núcleo central, de onde se estendem todos fios longos, como as patas de uma grande aranha, se desdobrando em nós articulados e pegajosos (será que, de alguma forma, fazemos o mesmo?).
Na época, não concluí a escultura. A aranha seria colocada num espelho quebrado (mais uma referência ao mito de Narciso). O vidro do espelho deveria ser trincado, a partir de um único ponto de impacto, à semelhança de uma teia de aranha.
Aconteceu que, um belo dia, um amigo se descuidou de seu filho. Daí, a criança se dependurou na aranha, tentando arrancá-la do fio. Quebrou a escultura em zilhões de pedaços. Não segui com minha inspiração. Quem sabe algum um dia a refaça…
O T-rex é uma elaboração que partiu de uma reflexão sobre os vários caminhos da evolução. As formas geométricas começam, partindo da base às extremidades, com apenas quatro lados. Elas vão tomando caminhos evolutivos diferentes (inicialmente, tomando a forma hexagonal). Isso continua, no fio que conduz as mutações (neste caso, literalmente, um fio condutor). Ocorre que há tanto regressões à forma inicial, quanto desdobramentos em formas mais orgânicas. A consequência do todo é, na sua forma final, uma provocação, uma vez que remete aos primórdios da vida na terra.