“Computadores de Harvard”… era assim chamado o grupo de mulheres, que trabalhavam no Observatório de Harvard, na virada do século XVII. Elas foram contratadas pelo diretor do observatório, Edward Charles Pickering, para ajudar a catalogar e analisar milhares de fotografias antigas do céu noturno. Esses “computadores” trabalhavam seis dias por semana e ganhavam entre 25 e 50 cents por hora. O grupo era também chamado, vergonhosamente, de “O Harém de Pickering”.
Tudo começou com uma frase que, já de início, me soa bastante preconceituosa: “Até minha empregada poderia fazer um trabalho melhor”. A empregada de Pickering, Williamina Fleming foi a primeira das mulheres a ser contratada. Ela havia sido professora antes de se tornar empregada doméstica. Fleming fez várias contribuições duradouras à astronomia, descobrindo a famosa nebulosa Horsehead e ajudando a desenvolver um sistema de classificação baseado em temperatura para as estrelas.
Até hoje os filtros de difração que essas mulheres utilizaram para dividir o espectro da luz das estrelas estão expostos no observatório da Harvard College.
Outra dessas mulheres foi Henrietta Swan Leavitt. O resultado de suas pesquisas foi utilizado por Edwin Hubble para calcular a distância das galáxias.
E a história não termina por aqui. Mulher e deficiente auditiva, Annie Jump Cannon se juntou a elas em 1896, mas, diferentemente das suas colegas, ela estudou física e astronomia em Wellesley e Radcliffe. Manualmente, Annie classificou mais estrelas na vida do que qualquer outro astrônomo, num total de 350 mil estrelas.
A britânica Cecilia Payne também se juntou ao grupo. Pois bem, ela descobriu uma relação entre as temperaturas nos catálogos de Fleming e as características da assinatura do espectro luminoso com a composição dos corpos celestes. Ela foi chamada de ingênua e enfrentou o descrédito de seu orientador Henry Norris Russell, em relação ao trabalho intitulado “Atmosferas Estelares”. Ele se desculpou publicamente, cinco anos depois. Acontece que ela estava certa sobre tudo que escreveu. Atualmente, esse mesmo trabalho é ainda consultado e considerado um dos principais estudos em Astronomia.
Ironicamente, as contribuições dessas mulheres à Astronomia e à Astrofísica são incalculáveis.
Um brinde às tantas outras mulheres brilhantes, que lutam pelo seu espaço no universo científico e em todos os outros!